quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Panteão II















































































O Panteão, um vasto templo redondo, é um edifício cujo interior é o mais bem conservado e o mais imponente de todas as construções romanas subsistentes. Fizeram-se templos redondos muito antes desta época, mas a sua configuração, bem representada pelo Templo da Sibila é tão diferente que o Panteão não pode ter derivado deles. A razão pela qual o Panteão se tem conservado em tão bom estado deve-se ao facto de o Imperador Romano Phocas ter entregue o edifício aos Papas, em 609 d.C., para ali celebrarem os rituais cristãos.



Esta construção que, actualmente, se encontra na praça Panteão numa posição central entre a Via “del Corso” e a Praça Navona, foi mandada erguer entre 118 e 125, pelo imperador Adriano que, segundo alguns autores, terá participado activamente na sua concepção. Este edifício substitui uma construção menor, dedicada a Júpiter, arquitectada por Marcus Agrippa em 27 a. C. que sofrera um devastador incêndio.

Exteriormente, a cella é um tambor cilíndrico sem decoração, fechado por uma cúpula suavemente encurvada de 43,5 metros de diâmetro. O arquitecto parece que teve pouca atenção à sua aparência exterior, pois a sensação que temos de fora é completamente diferente da sensação que temos a partir do seu interior.



À entrada possui um pórtico profundo do tipo corrente nos templos romanos de planta regular. Originalmente este pronaos apresentava um envasamento alto ao qual se subia por largos degraus, mas com a subida do nível das ruas vizinhas este elemento arquitectónico ficou soterrado. Além disso, este pórtico, com 3 naves e de 24 colunas ao todo (3x8), fora delineado como parte de um átrio rectangular que devia ter o efeito de destacá-lo da rotunda. No entablamento desta fachada, coroada por um amplo frontão, Adriano mandou colocar uma inscrição de Agripa, aproveitada dos restos do edifício anterior.



As dimensões do Panteão, uma novidade para a época (43,5 m de altura) fazem com que este monumento tenha o espaço mais amplo, com a maior cúpula da História até o séc. XIX. Esta contém uma abertura circular (oculus zenital), ao centro, com 9 metros de diâmetro, que dá passagem a um jorro de luz tão abundante como magnifico, produz também uma sensação de leveza dentro do edifício. Este óculo encontra-se a mais de 40 metros acima do pavimento, e como o diâmetro do recinto tem a mesma dimensão, a cúpula e o tambor, sendo de igual altura, encontram-se em perfeito equilíbrio. No exterior, esse equilíbrio não foi possível, porque para se conter o empuxo da cúpula era necessário fazer uma base consideravelmente mais pesada que o cimo, para isso concentrou-se o peso da cúpula em oito grossos pilares e espessas paredes (7 metros, que foram construídas com materiais leves (cimento romano e tijolo) e que vão adelgaçando até chegarem ao topo.)

Acreditava-se que por a cúpula ser tão alta a chuva evaporar-se-ia antes de chegar ao chão. Tal não é verdade, pois quando chove o chão de mármore fica molhado. Mas um eficaz sistema de drenagem aliado ao facto de o chão ser convexo impede o Panteão de ficar inundado.



Outra novidade são os nichos que fechados ao fundo, mas com colunas à frente, dão o efeito de aberturas para outras salas, evitando que nos sintamos presos no interior do Panteão. As colunas, as paredes de mármore colorido e o pavimento permanecem, na sua essência, tal como eram nos tempos romanos. Os caixotões da cúpula são igualmente os da origem, mas o dourado que os cobria foi desaparecendo ao longo dos tempos.



Como o nome o sugere, o Panteão de Roma fora dedicado a "todos os deuses", ou, mais exactamente, às sete divindades planetárias que justificam os nichos com altares existentes no interior da cella.



Com este edifício, Adriano tornou a sua quimera em algo concreto, construiu um edificio onde cabia todo o mundo. E, na verdade, o seu traçado geométrico está dotado de propriedades numéricas e simbólicas que o remetem para a abóbada e o movimento celeste.



Este edifício clássico tem, no entanto, uma modesta ascendência. O arquitecto romano Vitruvius descreveu no seu "tratado", mais de um século antes, a estufa de um balneário que antevia já, mas a uma escala bastante menor, os traços mais importantes do Panteão: uma cúpula hemisférica, uma relação proporcional entre a altura e a largura, a abertura circular ao centro (que podia fechar-se com um postigo de bronze, para regular a temperatura da sala).


Bibliografia

Livros :

•História da Arte - H. W. Janson - Fundação Calouste Gulbenkian - 7ª edição
•História da Cultura e das Artes - Paulo Simões Nunes - Lisboa Editora - Ensino Secundário 11.º ano

Nenhum comentário:

Postar um comentário