quarta-feira, 17 de março de 2010

A História da Arte

Intro
Sobre arte e artistas

Nada existe realmente a que se possa dar o nome de arte. Existem somente artistas. Outrora, eram homens que apanhavam um punhado de terra colorida e com ela modelavam toscamente as formas de um bisão na parede de uma caverna; hoje, alguns compram suas tintas e desenham cartazes para tapumes; eles faziam e fazem muitas outras coisas. Não prejudica ninguém dar o nome de arte a todas as atividades, desde que se conserve em mente que tal palavra pode significar coisas muito diversas, em tempos e lugares diferentes,e que a Arte com A maiúculo não existe. Na verdade, arte com A maiúsculo passou a ser algo como um bicho-papão, como um fetiche.
Podemos esmagar um artista dizendo-lhe que o que ele acaba de fazer pode ser excelente a seu modo, só que nã é "Arte" .E podemos desconcertar qualquer pessoa que esteja contemplando com delite uma tela, declarandoque aquilo que ela tanto aprecia não é Arte mas uma coisa muito diferente.

Na realidade, não penso que existam quaisquer razões erradas para se gostar de uma estátua ou d euma tela. alguém pode gostar de certa paisagem porque esta lhe recorda a terra natal ou de um retrato porque lhe lembra um amigo. Não há nada de errado nisso. Todos nós, quando vemos um quandro, somos fatalmente levados a recordar mil e uma coisas que influenciam o nosso agrado ou desagrado...
























Virgem no Prado (1483-1520) RAFFAELLO Sanzio







Fonte:E.H Gombrich; A História da arte

sábado, 13 de março de 2010

Rafaello Sanzio 1483-1520

A morte precoce de Rafael, no dia em que completava 37 anos, reforçou a aura mística que rodeava sua figura. Admirado pela aristocracia e pela corte papal, que o viam como o "príncipe dos pintores", foi encarregado pelo papa Júlio II de decorar com afrescos as salas do Vaticano hoje conhecidas como as stanze de Rafael.































Madonna & Child (The Small Cowper Madonna), 1505




Raffaello Sanzio, conhecido em português como Rafael, nasceu em Urbino, então capital do ducado do mesmo nome, na Itália, em 6 de abril de 1483. Seu pai, Giovanni Santi, era pintor de poucos méritos mas homem culto e bem relacionado na corte do duque Federico de Montefeltro. Transmitiu ao filho, de precoce talento, o amor pela pintura e as primeiras lições do ofício. O duque, personificação do ideal renascentista do príncipe culto, encorajara todas as formas artísticas e transformara Urbino em centro cultural, a que foram atraídos homens como Donato Bramante, Piero della Francesca e Leone Battista Alberti.

Após a morte do pai, em 1494, Rafael foi para Perugia, onde aprendeu com Pietro Perugino a técnica do afresco ou pintura mural. Em sua primeira obra de realce, "O casamento da Virgem" (1504), a influência de Perugino evidencia-se na perspectiva e na relação proporcional entre as figuras, de um doce lirismo, e a arquitetura. A disposição das figuras é, no entanto, mais informal e animada que a do mestre.

Florença. No outono de 1504, Rafael foi a Florença, atraído pelos trabalhos que estavam sendo realizados, no Palazzo della Signoria, por Leonardo da Vinci e Michelangelo. Sob a influência sobretudo da obra de Da Vinci, absorveu a estética renascentista e executou diversas madonas, entre as quais a "Madona Esterházy" e "A bela jardineira". Fez uso das grandes inovações introduzidas na pintura por Da Vinci a partir de 1480: o claro-escuro, contraste de luz e sombra que empregou com moderação, e o esfumado, sombreado levemente esbatido, ao invés de traços, para delinear as formas. A influência de Michelangelo, patente na "Pietà" e na "Madona do baldaquino", consistiu sobretudo na exploração das possibilidades expressivas da anatomia humana.

Roma. Por sugestão de Bramante, seu amigo e arquiteto do Vaticano, Rafael foi chamado a Roma pelo papa Júlio II em 1508. Nos 12 anos em que permaneceu nessa cidade incumbiu-se de numerosos projetos de envergadura, nos quais deu mostras de uma imaginação variada e fértil. Dos afrescos do Vaticano, os mais importantes são a "Disputa" (ou "Discussão do Santíssimo Sacramento") e a "Escola de Atenas", ambos pintados na Stanza della Segnatura. O primeiro, que mostra uma visão celestial de Deus, seus profetas e apóstolos a encimar um conjunto de representantes da igreja, equipara a vitória do catolicismo à afirmação da verdade. Já a "Escola de Atenas" é uma alegoria complexa do conhecimento filosófico profano. Mostra um grupo de filósofos de várias épocas históricas ao redor de Aristóteles e Platão, ilustrando a continuidade histórica do pensamento platônico.

Após a morte de Júlio II, em 1513, a decoração dos aposentos pontifícios prosseguiu sob o novo papa, Leão X, até 1517. Apesar da grandiosidade do empreendimento, cujas últimas partes foram deixadas principalmente por conta de seus discípulos, Rafael, que então se tornara o pintor da moda, assumiu ao mesmo tempo numerosas outras tarefas: criou retratos, altares, cartões para tapeçarias, cenários teatrais e projetos arquitetônicos de construções profanas e igrejas como a de Sant'Eligio degli Orefici. Tamanho era seu prestígio que, segundo o biógrafo Giorgio Vasari, Leão X chegou a pensar em fazê-lo cardeal.

Em 1514, com a morte de Bramante, Rafael foi nomeado para suceder-lhe como arquiteto do Vaticano e assumiu as obras em curso na basílica de São Pedro, onde substituiu a planta em cruz grega, ou radial, por outra mais simples, em cruz latina, ou longitudinal. Sucedeu também a Bramante na decoração das loggias (galerias) do Vaticano, aí realizando composições de lírica simplicidade que pareciam contrabalançar a aterradora grandeza da capela Sistina pintada por Michelangelo.

Competente pesquisador interessado na antiguidade clássica, Rafael foi designado, em 1515, para supervisionar a preservação de preciosas inscrições latinas em mármore. Dois anos depois, foi nomeado encarregado geral de todas as antiguidades romanas, para o que executou um mapa arqueológico da cidade. Sua última obra, a "Transfiguração", encomendada em 1517, desvia-se da serenidade típica de seu estilo para prefigurar coordenadas de um novo mundo turbulento -- o da expressão barroca.

Em conseqüência da profundidade filosófica de muitos de seus trabalhos, a reputação de humanista e pensador neoplatônico de Rafael implantou-se em Roma. Entre seus amigos havia respeitados homens de letras, como Castiglione e Pietro Aretino, além de muitos artistas. Em 1519 ele projetou os cenários para a comédia I suppositi, de Ludovico Ariosto. Coberto de honrarias, Rafael morreu em Roma em 6 de abril de 1520.


©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Rafaello Sanzio)

sexta-feira, 12 de março de 2010

Rodin, O Beijo




























Os dois amantes absorvidos num intenso beijo representados na estátua "O Beijo", realizada por Auguste Rodin, transmitem uma tal força emotiva e sensualidade que tornou esta obra numa das mais famosas esculturas de todos os tempos.
Em 1879, poucos anos depois da viagem por Itália onde tomou contacto directo com obras de Donatello e de Michelangelo Buonarroti, Rodin recebeu uma das suas primeiras encomendas de vulto, a entrada para o Museu de Artes Decorativas de Paris. Para esta porta o artista desenvolveu um ambicioso projecto: um grande conjunto escultórico denominado "As Portas do Inferno", a partir de um programa formal e simbólico retirado do "O Inferno", a primeira parte da Divina Comédia, a famosa obra literária de Dante.
Embora este trabalho nunca tenha sido concluído, os estudos realizados foram posteriormente transformados numa série de esculturas autónomas, de menores dimensões, de entre as quais as mais famosas são "O Pensador" (inicialmente pensado para decorar a padieira da porta, e que mais tarde, Rodin passaria a bronze), "Adão e Eva" e "O Beijo", executado em mámore branco em 1886.
Embora plasticamente seja mais conservadora que o coevo "O Pensador" ou outras peças moldadas em bronze, esta estátua apresentava uma característica importante da obra madura de Rodin, o interesse pelo inacabado e pela ideia da libertação das figuras dos blocos de pedra que a originaram, cujas raízes conceptuais e formais se encontram nas estátuas inacabadas dos "Escravos" de Michelangelo. Outra referência à escultura renascentista, pela qual Rodin tanto se interessara na sua viagem a Itália em 1875, é a meticulosa tentativa de tradução do movimento e da anatomia muscular assim como a técnica delicada no trabalho do mármore.
A associação das duas figuras a um bloco de mármore grosseiramente aparelhado, permitia acentuar o contraste de textura e consequemente destacar a leveza, sensualidade e carnalidade dos corpos dos amantes.
Marcado ainda pelo ideal estético romântico que procurava a beleza através da representação de estados de alma, "O Beijo" constituiu igualmente uma das obras precursoras do período moderno da escultura, acompanhando o despontar do impressionismo na pintura.
A escultura "O Beijo" apresenta uma dimensão ligeiramente acima do natural (tem uma altura de 183 centímetros) e encontra-se exposta no Museu Rodin, em Paris.




Como referenciar este artigo:
O Beijo. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2010. [Consult. 2010-03-13].
Disponível na www: .

quarta-feira, 10 de março de 2010

Releitura -"Uma alegoria de Vênus e Cupido"




























Agnolo BRONZINO, "Vênus, Cupido e Tempo - uma alegoria da luxúria", 1540-45.


Bronzino foi um requintado pintor quinhentista (século XVI). Primeiro, vejamos a descrição do quadro segundo O Livro da Arte, ed. Martins Fontes (The Art Book).

Uma alegoria de Vênus e Cupido:

“Vênus volta-se para beijar Cupido, que afaga seu seio. Um Pai Tempo (Cronos), de barba, puxa uma cortina sobre a cena. O ciúme aperta a cabeça com as mãos, e uma figura mascarada observa a cena do alto. Uma menina, que é meio animal de pêlo e meio réptil, segura um favo de mel em uma das mãos, e na outra, a ponta em aguilhão de sua cauda (...). O quadro é obviamente uma alegoria, mas de quê? Ninguém sabe ao certo.
A luz serena que banha esta cena bizarra e a suavidade da pintura são típicas do estilo do artista. A obra de Bronzino é um maravilhoso exemplo do Maneirismo, no modo como contorce as posturas naturais, exagera as expressões e enfatiza o movimento.
Um bem-sucedido pintor de retratos em sua época, Bronzino com freqüência colocava seus modelos em poses estranhamente rígidas. As expressões um tanto frias e desligadas de seus modelos impelem o espectador a procurar atentamente por um vislumbre de emoção”.

terça-feira, 9 de março de 2010

O Batismo de Cristo (1472–1475)

O Batismo de Cristo





























Artista: Verrocchio, Leonardo da Vinci e Sandro Botticelli

Data: 1472-1475

Técnica: Óleo e têmpera sobre mesa (madeira)

Dimensões: 180X151,3cm

Onde está: Galleria Degli Uffizi, Florença, Itália

O Batismo de Cristo de Verrocchio, é o primeiro trabalho importante de Leonardo da Vinci como aprendiz. Fez a pintura junto com seu mestre Verrocchio.

O anjo da esquerda que segurava alguma roupa, é totalmente seu e alguns autores dizem que o pássaro também poderá ser.

O maior de todos os historiadores da Renascença, Giorgio Vasari, e da mesma época de Leonardo, afirma que Verrocchio, mestre de Leonardo, acabou desgostoso com a arte de pintar, ao sentir-se ultrapassado pelo próprio aprendiz(há quem diga mesmo que Verrocchio quebrou os seus pinceis á frente de todos os seus aprendizes prometendo nunca mais voltar a pintar.). Verrocchio exerceu sobre Leonardo profunda influência, a qual, embora pouco artisticamente, foi bastante marcante na parte intelectual.

Para essa pintura, Verrocchio contou com a colaboração de Botticelli e de um Leonardo adolescente. Esse se dedicou a retocar parte do corpo de Cristo e a paisagem e a pintar o anjo ajoelhado que segura as vestimentas. O estilo de Da Vinci é perceptivel ao simples olhar pela intensidade das cores e, de modo mais determinante, pelo dinamismo que consegue imprimir à figura do anjo e pelas subtonalidades da paisagem.

Depois de sua viagem a Veneza para acompanhar o seu mestre, Leonardo havia entendido os arcana mundi - os mistérios do mundo - e os códigos visíveis e invisíveis da natureza, além de refletir sobre esses aspéctos. Tais reflexõs se fazem patentes na concepção da paisagem de Batismo de Cristo.

Os anjos expressam as diferenças estéticas ds Verrocchio e Leonardo. O anjo do mestre olha com estranheza o do discípulo, cujo dinamismo contrasta com a rigidez daquele. Além disso, o anjo de Leonardo se distingue pela elgância; sobre ele desliza uma luz que põe em relevo os vincos rígidos e delicados da vestimenta e as ondas da cabeleira dourada.


Marcos: 1:9-11


9 E aconteceu naqueles dias que Jesus, tendo ido de Nazaré da Galiléia, foi batizado por João, no Jordão.
10 E, logo que saiu da água, viu os céus abertos, e o Espírito, que como pomba descia sobre ele.
11 E ouviu-se uma voz dos céus, que dizia: Tu és o meu Filho amado em quem me comprazo

***

Fonte. cruzdemalta.flogbrasil.terra.com.br/

segunda-feira, 8 de março de 2010

O Dia Internacional da Mulher
























O Dia Internacional da Mulher é comemorado no dia 08 de março. É uma data comemorativa para a celebração dos feitos econômicos, políticos e sociais que foram alcançados pela mulher.

A proposta do dia internacional da mulher foi iniciada na virada do século XX, durante o processo de industrialização e expansão econômica, que levou a grandes protestos sobre as condições de trabalho. As mulheres empregadas em fábricasde vestuário têxtil foram protagonistas de um desses protestos em 08 de março de 1857 em Nova Iorque. O protesto requeria melhores condições de trabalho e salários mais altos.

Porém o que levou mesmo a essa data ser comemorada mundialmente foi a tese do incêndio provocado na fábrica da Triangle Shirtwaist, que também ocorreu em Nova Iorque, em 25 de março de 1911. Onde foi registrada cerca de 146 mortes. Segundo relatos, cerca de 129 trabalhadoras foram trancadas e queimadas vivas. O incêndio da fábrica Triangle, é até hoje, o pior incêndio da história de Nova Iorque.

Depois desse episódio, muitos outros protestos foram feitos, e um que se destacou foi o de 1908, onde 15.000 mulheres marcharam sobre a cidade de Nova Iorque exigindo a redução da carga horária, melhores salários e o direito de voto. Sendo assim, o primeiro Dia Internacional da Mulher seguiu-se em 28 de fevereiro de 1909 nos Estados Unidos após uma declaração do Partido Socialista da América. Em 1910 ocorreu a primeira conferência internacional sobre a mulher em Copenhague, dirigida pela Internacional Socialista, e assim, o Dia Internacional da Mulher foi estabelecido.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Nascimento de Palas Athena (Minerva)



























Narra o mito que a Sabedoria e a Justiça, personificadas pela deusa grega Athena, é fruto de Métis (a astúcia, a inteligência) com o poderoso Zeus, ordenador do Cosmos.

Após ter sido proferido pelo oráculo que, se Zeus tivesse uma filha, ela se tornaria ainda mais poderosa que ele, Zeus tratou de engolir Métis para impedir o nascimento. Assim, Athena é gerada na cabeça do soberano do Olimpo (por isso, a deusa é associada ao lógos).

Findado o período de gestação, o supremo deus começou a sentir terríveis dores de cabeça, pois enquanto a Justiça não nasce, elas são inevitáveis.

Desesperado e no limite, Zeus ordena ao ferreiro divino Hefestos (Vulcano) que lhe abra a cabeça. Mesmo a contragosto, com técnica e precisão, desferra-lhe o machado de ouro certeiro e todos se surpreendem ao verem surgir, imponente e armada, pronta para a guerra, a deusa Palas Athena.

Palas significa "a donzela", pois a poderosa filha pede ao pai para manter-se sempre virgem e, desta forma, impor-se com a autoridade de quem não se deixa seduzir ou corromper.

Sua principal característica física é o porte altivo. Invocando a proteção de Athena sobre todo e qualquer embate, tem-se a vitória como certa, uma vez que Palas Athena é sempre acompanhada por Niké (a vitória).

A Espada de Athena: Arma para fazer valer a Justiça

Com a espada de ouro em punho ou lança resplandescente (numa imagem mais arcáica), que fora presente do deus da techné Hefestos, Athena já nasce fortemente armada, pronta para a guerra. Mas o combate da deusa grega é diferente da guerra do bélico deus Ares.

Na mitologia grega, Ares, é o cruel deus da guerra, da carnificina. Individualista, não titubeia em impor sua caprichosa vontade a quem quer que seja. Enaltecido pelos Romanos, impulsivo, Ares é um deus de caráter epimetéico: primeiro age, depois pensa.

Pensar é atividade da mente, do elemento Ar, este sim, distingüe os homens das bestas. Daí a prudente razoabilidade de Athena ser tão necessária à manutenção da ordem (Cosmos) e à evolução do espírito humano.

De gosto pelo desafio da conquista, Ares é acompanhado de Éris (a Discórdia), que com seu archote em chamas acende o furor no coração dos soldados e seus filhos, Deimos (terror) e Phóbos (medo), também servidores fiéis desse funesto deus.

O espetáculo hediondo da carnificina causa horror a deusa Athena. Os gregos sempre preferiram a sábia, justa guerreira Palas Athena, filha da razão do soberano do Olimpo. Athena é também patrona da guerra, mas trata-se do combate feito com inteligência e astúcia, motivado por um ideal honroso, guerra somente enquanto último recurso, quando torna-se insuficiente a lúcida resolução diplomática e pacífica de qualquer polêmica. Uma batalha também pode ser encarada como última e importante argumentação na defesa da justiça quando todas as outras falharam.

Sempre às turras com seu inimigo Ares, pois nem sempre encontram-se do mesmo lado na batalha, Palas (a donzela) será a única mulher a imiscuir-se aos homens, sendo sempre respeitada por eles. Antes do começo da batalha, eles sentem sua presença inspiradora e com isso anseiam mostrar seu heroísmo. “Sacudindo a terrível égide, a deusa brada e corre veloz entre as fileiras convocadas à batalha. Um momento atrás, esses homens haviam aplaudido com júbilo a idéia de voltar para sua pátria; agora a esquecem por completo: o espírito da deusa faz agitar todos os corações com ardor bélico”.

Renomados heróis como Tideu, Hércules, Ulisses e Aquiles dobram-se aos seus sábios conselhos.

Quanto ao herói Tideu, Athena foi sua fiel companheira de batalha, até quis torná-lo imortal. Aproximou-se do herói ferido de morte trazendo na mão a bebida da imortalidade. Mas ele estava a ponto de fender violentamente o crânio do adversário morto para sugar-lhe o cérebro. Horrorizada, a deusa retrocedeu e o protegido para quem ela cogitava o mais elevado destino mergulhou na morte comum, pois tinha desonrado a si mesmo.

“Athena seria mulher porque os orgulhosos heróis que se deixaram conduzir por ela não se submeteriam tão facilmente a um varão, mesmo que fosse um deus”.

Quando em fúria cega Aquiles está prestes a liquidar Agamêmnon, Athena toca seu ombro e o aconselha a dominar-se, contentando-se em ofender o Atrida somente com palavras. O herói prontamente guarda a espada já desembainhada.

Refletindo sobre a máxima de Heráclito: “A Guerra é Pai de todas as coisas”, é pela espada de Athena que se impõe a Justiça.

Cabeça da Medusa incrustada como efígie na Égide de Athena

Athena carrega, no peitoral de sua armadura a cabeça de Medusa, a rainha das Górgonas.

As Górgonas são três irmãs (Medusa, a dominadora; Euríale, a errante e Esteno, a violenta) que simbolizam os inimigos interiores que temos de evitar. São deformações monstruosas da psique nascidas do desvirtuar de três pulsões humanas: sociabilidade (Esteno), sexualidade (Euríale) e espiritualidade (Medusa). Como a perversão espiritual prevalece sobre as outras, Medusa é conhecida como rainha das Górgonas.

A perversão da pulsão espiritual, por excelência, é a vaidade (imaginação exaltada em relação a si mesma) que é simbolizada pela serpente. Em Medusa, inúmeras serpentes coroam sua cabeça.

No frontispício do templo de Apollo (irmão de Athena), deus da harmonia, lêem-se as palavras que resumem toda a verdade oculta dos mitos: “conhece-te a ti mesmo”. A única condição do conhecimento de si mesmo é a confissão das intenções ocultas, que, por serem culpáveis, são habitualmente maquiadas pela vaidade (por uma justiça falsa, pois sem mérito, infundada). A inscrição reveladora significa, portanto: desmascara tua falsa razão, ou, o que dá no mesmo, aniquila tua vaidade. Faz-se necessário a clarividência em relação a si mesmo, o inverso do ofuscamento vaidoso e petrificante.

Ver Medusa significa: reconhecer a vaidade culposa, perceber a nu suas falsas razões, suas intenções ocultas, o que ninguém consegue confessar a si mesmo, da qual ninguém suporta a visão.

A cabeça da Medusa foi presente do herói Perseu, a quem a deusa Athena auxiliou em combate emprestando-o seu escudo, para que não a encarasse de frente e ficasse estagnado. O escudo reluzente de Athena, ao refletir a imagem verídica das coisas e dos seres, permite conhecer a si mesmo: é o espelho da verdade. Neste escudo, o homem se vê tal como é, e não como gosta de imaginar ser.

Athena é a deusa da combatividade espiritual (as três manifestações da elevação espiritual são a verdade, a beleza e a bondade). A sapiência, o amor pela verdade é a condição para ascender ao conhecimento de si e, em conseqüência, para adentrar na harmonia (Apollo).

Para derrotar a Medusa, foi necessário que o herói a surpreendesse enquanto dormia pois o homem somente é lúcido e apto ao combate espiritual quando a exaltação de sua vaidade não está desperta. Arma muito cobiçada, mesmo morta, a cabeça da Medusa continuou mantendo seu poder de petrificar quem a encarasse de frente.

Contra a culpabilidade advinda da exaltação vaidosa dos desejos, não há senão um único meio de salvaguarda: realizar a justa medida, a harmonia.

A deusa, símbolo da combatividade que inspira o amor à verdade, convida os mortais a reconhecerem-se em Medusa, incitando-os à luta contra a mentira essencial, a mentira subconscientemente desejada, o recalcamento, as falsas razões. A cabeça cortada prova que a Medusa não é invencível.

Antes de merecer o apoio de Athena, todo mortal deve encarar o símbolo da decadência espiritual (a vaidade). Somente assim têm-se certeza de que sua reivindicação não oculta outra intenção, ou seja, não é capricho, teimosia. Ante a imagem da Medusa, quem busca a deusa clamando por justiça tem somente duas possibilidades: contar com sua proteção (vitória certa), se já passou pela prova da Medusa, ou imobilizar-se no pânico e petrificar-se.

Coruja de Minerva

As aves, por serem consideradas os seres mais próximos dos deuses, foram, conforme suas características e atribuições, associadas a eles. A soberana águia acompanhava o poderoso Zeus, o imponente pavão, sua consorte e protetora dos amores legítimos: a deusa Hera. À atenta coruja coube a companhia da sábia Athena.

Vemos a imagem da coruja, símbolo de uma vigilância constantemente alerta, nas mais antigas moedas atenienses. A coruja, em grego gláuks “brilhante, cintilante”, enxerga nas trevas. Um dos epítetos de Athena é “a de olhos gláucos” (esverdeados).

Em latim é Noctua, “ave da noite”. Noturna, relacionada com a lua, a coruja incorpora o oposto solar. Observem que Atena é irmã de Apollo (Sol). É símbolo da reflexão, do conhecimento racional aliado ao intuitivo que permite dominar as trevas. Apesar de haver uma forte associação desta ave à escuridão e a sentimentos tenebrosos, o que é natural a um ser noturno, o fato de ela ter sido (devido a suas específicas características) atribuída à deusa Athena também a tornou símbolo do conhecimento e da sabedoria para muitos povos.

A coruja é uma excelente conhecedora dos segredos da noite. Enquanto os homens dormem, ela fica acordada, de olhos arregalados, banhada pelos raios da sua inspiradora Lua. Vigiando os cemitérios ou atenta aos cochichos no breu, essa ambaixadora das trevas sabe tudo o que se passa, tendo-se tornado em muitas culturas uma profunda e poderosa conhecedora do oculto.

Havia uma antiga tradição segundo a qual quem como carne de coruja participa de seus poderes divinatórios, de seus dons de previsão e presciência. A coruja tornou-se assim atributo tradicional dos mânteis, daqueles que praticam a mântica, a arte do divinatio, da adivinhação, simbolizando-lhes o dom da clarividência.

Eis a ave da deusa da Sabedoria e da Justiça: atenta coruja, cujo pescoço gira 360º, possuidora de olhos luminosos que, como Zeus, enxergam “O todo”. Devido a todos esses atributos, a Coruja simboliza também a Filosofia, os Professores e nossa proposta de Conhecimentos Sem Fronteiras: integrar todas as formas de conhecimento com o olhar para O Todo.

Na introdução de sua obra Filosofia do Direito, o Filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1830), escreve o seguinte.

Quando a filosofia pinta cinza sobre o grisalho,
uma forma de vida já envelheceu e, com o cinza
sobre cinza não se pode rejuvenescer, apenas reconhecer;
A coruja de Minerva alça seu vôo
somente com o início do crepúsculo.


Fonte:http://www.esdc.com.br/CSF/artigo_palasathena.htm/

A ACRÓPOLE DE ATENAS



















A Acrópole de Atenas, o chamado "rochedo sagrado", é o mais importante sítio arqueológico da Grécia e está situado no topo de uma colina, no centro da moderna cidade de Atenas. A Acrópole de Atenas possui três templos de mármore, o Parténon, o Erecteu e o Templo de Niki. Também possui um pórtico monumental chamado Propileu. Todos os monumentos na Acrópole de Atenas foram construídos durante a época áurea de Péricles, conhecida como o Período Clássico (450-330 a C).

O Parténon consagrava culto à Deusa Atena, protectora da Cidade-Estado de Atenas. Foi construído pelos arquitectos Iktinos e Kallikrates, sob a supervisão do escultor ateniense Fídias. Também existiam duas estátuas colossais da Deusa Atena, esculpidas por Fídias. Uma destas estátuas encontrava-se no interior do Templo do Parténon. Era esculpida em ouro e marfim e tinha uma altura de 9 metros. A outra estátua colossal, esculpida em bronze, encontrava-se no exterior.

Mesmo em frente do Parténon, encontra-se o Erecteu. É o templo cujas seis colunas estão esculpidas em forma de jovens raparigas, conhecidas por Cariátides.

Arquitectos, construtores, caldeireiros, pedreiros, pintores, ferreiros, carpinteiros, moldadores, fundidores, tintureiros, joalheiros, trabalhadores do marfim, artesãos, bordadores, torneiros, artistas plásticos e muitos outros trabalhadores, labutaram ao longo de oito anos para construírem estes maravilhosos e únicos monumentos, dedicados aos deuses. Como disse Péricles, 'foram construídos pelo povo para o povo'.

Quase todos os monumentos da Acrópole de Atenas sobreviveram cerca de 20 séculos, 2000 anos. Sobreviveram a incêndios, sismos, invasões, guerras e conquistas. Infelizmente, contudo, não conseguiram escapar ao roubo e ao vandalismo de Lorde Elgin.

Elgin, o então Embaixador britânico em Constantinopla, tinha prevista a remoção de esculturas inteiras dos monumentos e o seu transporte para o seu país.

Na categoria de Embaixador Britânico, obteve um documento oficial do Sultão Otomano, autorizando a remoção de algumas peças de arte da Acrópole. É quase inacreditável que ele tivesse em sua posse um documento que lhe permitisse fazer o que fez em seguida.

O que é que ele fez exactamente? Elgin saqueou a maioria das decorações esculpidas nos monumentos, retirou colunas, removeu centenas de objectos, transferindo-os para Inglaterra e, em seguida, vendeu-os ao Museu Britânico, onde ainda estão expostos.

Em 1801, Elgin, após ter recebido o documento do Sultão, contratou trezentos e cinquenta homens que trabalharam para ele, diariamente, sem cessar. O que é que fizeram todos estes homens exactamente?

Retiraram estátuas do lugar onde tinham estado séculos e séculos e colocaram-nas em caixas de madeira. As que eram demasiado grandes foram mutiladas: cortaram cabeças, pernas e braços e tudo aquilo que fosse demasiado grande para caber nas caixas de transporte. Reduziram colunas a pedaços de pedras e levaram-nas, retiraram partes inteiras de templos e sacaram muitos mais objectos.

Elgin confiscou um total de 253 estátuas completas, partes de monumentos, secções de colunas, relevos de mármore, vasos e muitos outros objectos valiosos. As caixas de madeira foram colocadas no seu barco, que navegou rumo à Grã-Bretanha, em Dezembro de 1801. Pouco depois de ter levantado âncora, o navio naufragou e todas as caixas de transporte foram para o fundo do mar.

Mas Elgin era um homem decidido e sabia o que tinha a fazer. Portanto, fez o mesmo uma segunda vez. Desta vez, entre outros tesouros, até retirou umas das colunas do Erecteu, uma coluna que parecia uma jovem rapariga - uma das Cariátides. Desta vez, encheu de monumentos antigos 200 caixas de madeira para transporte. Elgin tinha total cobertura apoio do seu governo visto que ele e a sua "bagagem" viajaram para a Grã-Bretanha a bordo de um navio de guerra britânico.

Voltou à Grécia em 1806 e conseguiu retirar as pesadas caixas do fundo do mar. Levou-as todas para a Grã-Bretanha.

Regressou à Grécia uma terceira vez em 1810, desta vez conseguindo tirar outras 253 peças e numerosos vasos. Os seus homens continuaram a trabalhar para ele e em 1812, confiscou as últimas 80 caixas.

Ao longo de quase dez anos este homem mutilou, destruiu e roubou peças de arte. Objectos monumentais de um extraordinário valor cultural, muitos dos quais, partes integrantes de monumentos vivos.

A Grécia está a desenvolver esforços para que os tesouros do Parténon sejam devolvidos à sua origem. A UNESCO e outras organizações internacionais descreveram exaustivamente todos os objectos tirados e esta lista faz parte da biografia mundial. A maioria dos objectos não é constituída por peças individuais mas partes integrantes de monumentos, símbolos da Civilização Ocidental.

Elgin vendeu a sua mercadoria ao Museu Britânico por 35.000 libras. E ainda está lá exposta!


Fonte:http://hellonet.teithe.gr/PT/aboutgreece/more/acropolis_pt.htm/