sexta-feira, 22 de abril de 2011

Chapeuzinho Vermelho




















Era uma vez...

Uma garotinha que tinha que levar pão e leite para sua avó. Enquanto caminhava alegremente pela floresta, um lobo apareceu e perguntou-lhe onde ia.

À casa da vovó - respondeu ela prontamente.

O Lobo muito esperto, chegou primeiro à casa, matou a vovó, colocou seu sangue numa garrafa, fatiou sua carne num prato, comeu e bebeu satisfatoriamente, guardou as sobras na despensa, colocou sua camisola e esperou na cama.
Toc. Toc. Toc. Soou a porta.

Entre, minha querida - disse o lobo.
Eu trouxe o pão e o leite para a senhora, vovó - respondeu Chapeuzinho Vermelho.
Entre minha querida. E coma algo, tem carne e vinho na despensa - disse o lobo.



A Menina comeu o que lhe foi oferecido, e enquanto comia o gato de sua vó a observava aos murmúrios:

"Meretriz! Então, comes a carne e bebes o sangue de tua avó com gosto. Ata teu destino ao dela."

Então o Lobo disse:

Dispa-se e venha para cama comigo
O que faço com meu vestido? - questionou Chapeuzinho.
Jogue na lareira. Não precisará mais disso - respondeu o lobo.

E para cada peça de roupa que a garota retirava, copete, anágua, meias, a garota refazia a mesma pergunta, e o lobo respondia:

"Jogue na lareira. Não precisará mais disso"

Então a garota deitou-se ao lado do lobo, e ao sentir o toque do pelo roçar em seu corpo disse:

Como a senhora é peluda vovó – exclamou Chapeuzinho
É para te esquentar, minha neta - respondeu o lobo.
Que unhas grandes a senhora tem!
São para me coçar, minha querida
Que dentes grandes a senhora tem!
São para te comer

E então a devorou.

Charles Perrault

Quo Vadis, Domine?

























CARRACCI, Annibale
Domine quo vadis?
1601-02
Oil on panel, 77,4 x 56,3 cm
National Gallery, London





Quo Vadis, Domine? vem do latim e significa, "Para onde vais, Senhor?", baseada em livros apócrifos, as quais dizem que Jesus apareceu a Pedro, quando este deixava Roma, dizendo para voltar. O apóstolo perguntou: "Para onde vais, Senhor", segundo estes livros, Jesus disse que "Estava indo para Roma para ser crucificado novamente".


"E agora vou para aquele que me enviou; e nenhum de vós me pergunta: Para onde vais?"

Jo.16:5

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Ilha do Medo





















Shutter Island
EUA , 2010 - 138
Policial / Suspense

Direção:
Martin Scorsese

Roteiro:
Laeta Kalogridis, Dennis Lehane

Elenco:
Leonardo DiCaprio, Mark Ruffalo, Ben Kingsley, Max von Sydow, Michelle Williams, Emily Mortimer, Patricia Clarkson, Jackie Earle Haley, Ted Levine



***
Crítica

Surge do meio da neblina, como o carro no começo de Taxi Driver, a balsa que leva o agente federal Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) à Ilha do Medo. Se o autor do livro que serve de base ao filme, Dennis Lehane, já dizia que a sua ideia era homenagear gêneros, dos filmes B aos terrores góticos, na adaptação Martin Scorsese também abraça as múltiplas referências - a começar pela referência a si mesmo.

Como em Taxi Driver, a neblina é um enigma, simboliza um tormento. No caso, descobrimos rapidamente que Teddy está chegando ao presídio psiquiátrico na ilha Shutter, acompanhado do agente Chuck Aule (Mark Ruffalo), não só para investigar o desaparecimento de uma paciente, como também para resolver questões particulares que o assombram desde a morte de sua esposa, Dolores (Michelle Williams).

A partir daí a colagem de referências é tão intensa que Scorsese parece estar jogando pistas falsas para incitar interpretações do espectador. Filme de guerra (seria o hospital uma espécie de campo de concentração?), filme policial (estaria Teddy, como todo detetive de noir, sendo vítima de uma conspiração?) e filme-delírio (o que afinal é real na Shutter Island?) se misturam. Até o título nacional, que sugere um suspense sobrenatural, entra involuntariamente nesse jogo de espelhos.

E aí vai muito da disposição do espectador para entrar na brincadeira. Se você se incomoda com a mania de Lost, por exemplo, de apresentar novos personagens a cada temporada, vai se irritar com a quantidade de gente que, numa razão de 15 em 15 minutos, aparece do nada em Ilha do Medo. Herança dos filmes B, por sua vez, os diálogos variam do genérico ("o cais é o único caminho para entrar e o único para sair") ao hiperexpositivo (conte quantas vezes eles repetem que a Ala C é onde ficam os mais perigosos...).

O que deve agradar os fãs de Scorsese é acompanhar como o cineasta, um assimilador de referências por natureza, usa de seu estoque formal para se adequar às regras do gênero. Se a ideia é confundir o espectador, como nas cenas em que Teddy se encontra com Dolores, ele quebra o eixo de câmera descaradamente para "duplicar" Dolores (o que na mão de qualquer outro seria visto apenas como barbeiragem). Se o objetivo é exagerar na tensão, vamos logo de John Cage e "Music for Marcel Duchamp" na trilha sonora.

Ademais, quem mais abusaria de chicotes (aquelas pans rápidas que vão de um personagem a outro sem corte) de forma tão temerária? Ilha do Medo tem alguns momentos constrangedores (estátua de fauno, sério mesmo?) e outros transcendentais, como os flashbacks do Holocausto - um Holocausto meio barroco, reimaginado sob influência da química do hospício, o que não deixa de ser interessante. Ambos os extremos têm seu apelo. Não trata-se de tentar tirar uma média, mas de acompanhar, com certo prazer, como Scorsese passa do sublime ao desastroso sem se abalar.

No fim, olhando para os trabalhos do diretor na última década, recebidos de forma amistosa pela crítica e pela mídia, não é difícil aferir que Ilha do Medo é o mais ousado, para o bem e para o mal. Será recebido com opiniões polarizadas, mas pelo menos fica o alívio de que, depois do Oscar, o diretor não se acomodou.

***


O filme prende atenção do começo ao fim, definitivamente maravilhoso!



link original: http://www.omelete.com.br/cinema/critica-ilha-do-medo/

quarta-feira, 20 de abril de 2011

O resto da história
























Anuciação - el greco - 1595


No ano 1815, Napoleão juntava as forças Francesas em Waterloo para sua batalha contra o Duque Wellington e as tropas inglesas, belgas e holandesas. A história nos ensina que Napoleão foi derrotado em Waterloo. Mas, como foi que as pessoas que viviam em 1815 souberam da notícia?

Para levar a notícia da batalha de Waterloo para a Inglaterra, um navio britânico mandou um sinal para um homem na costa, que depois assinalou para outro num morro distante, e assim adiante pela Inglaterra. A primeira palavra enviada foi “Wellington”. A palavra seguinte foi “derrota”. Daí veio uma neblina intensa e a mensagem parou.

Como dá para imaginar, por toda a Inglaterra, o povo chorou e perdeu o ânimo pela mensagem de duas palavras “Wellington derrota”. Mas, quando a neblina se dissipou, foram enviadas mais duas palavras “o inimigo”. O desespero se converteu em júbilo.

Eis o meu ponto. O que você acha que os discípulos pensaram de Jesus quando viram os eventos que se passaram na sexta-feira da crucificação? Mas, sexta-feira só tinha uma parte da mensagem. O resto da história foi declarado no Domingo através do túmulo vazio. O desespero se converteu em júbilo.

(Jesus) estava ensinando aos seus discípulos. E lhes dizia: “O Filho do homem está para ser entregue nas mãos dos homens. Eles o matarão, e três dias depois ele ressuscitará”. Mas eles não entendiam o que ele queria dizer e tinham receio de perguntar-lhe. Marcos 9:31-32
de Steve Higginbotham no site www.iluminalma.com.