Resenha do livro: O Homem Duplicado - José Saramago
Algumas semanas atrás vi o filme "Enemy" do diretor canadense Denis Villeneuve, diretor conhecido e aclamado por seus filmes autorais, uma adaptação do livro acima.
Pseudo cinéfila que sou, pesquisei sobre, e como já tinha visto outros filmes do mesmo diretor me interessei, e logo baixei o filme e assisti. Apesar de ter sido muito criticado, filmes adaptados de obras literárias, tem liberdade poética, ou seja não precisa ser fiel à obra, o que causa muita indignação ao leitor que é fã. Existem adaptações maravilhosas e outras nem tanto, mas esse filme é apenas sensacional.
Curiosamente vi o filme e depois li o livro, particularmente, não tenho problemas com isso, mas se leitor preferir faça ao contrário.
O autor tem livros ótimas, sua escrita é peculiar, provavelmente você já ouviu falar na pontuação de Saramago, veja bem, se algum caga-regra disse que o autor não tem pontuação, é mais um que não leu e reproduziu falácias. Nas palavras do próprio autor:
"Quero com isto significar que é como o narrador oral que me vejo quando escrevo e que as palavras são por mim escritas tanto para serem lidas como para serem ouvidas. Ora, o narrador oral não usa pontuação, fala como se estivesse a compor música e usa os mesmos elementos que o músico: sons e pausas, altos e baixos, uns breves ou longas, outras."
Pois bem, comecei ler o livro numa tarde qualquer e não parei nos dias que se seguiram. A narrativa é frenética, e li absurdamente rápido.
O livro narra a história do personagem Tertuliano Máximo Afonso, pasmem, esse nome depois de lido algumas vezes não sai mais da cabeça! Apesar de incomum, o nome do personagem é perfeito, Tertuliano é professor e História, assim como eu, e sua vida não tem nada de interessante, a rotina do trabalho, o recente divórcio, acabou tornando o personagem apático e anti social, não é feliz no trabalho, sua casa reflete sua solidão e tem pavor de relacionamentos afetivos duradouros.
A vida de ninguém é perfeita, a de Tertuliano não é diferente, até que um belo dia no trabalho, um colego sugere um filme a Tertuliano Máximo Afonso, o mesmo fica intrigado e decide passar numa locadora e alugar o filme. O filme mediano de baixo orçamento, não tinha nada de extraordinário, a não ser pelo simples fato de que um dos atores do filme ser muitíssimo semelhante à Tertuliano Máximo Afonso. Tamanha semelhança causa certo constrangimento ao personagem e provocam algumas dúvidas.
Importante salientar que, o duplicado de Tertuliano Máximo Afonso não é:
- Irmão gêmeo;
- Clone
- Cópia
Portanto, o livro não é sobre ficção científica, se fosse adoraria já que sou fã ,mas sobre um homem e seu duplicado, o livro não vai além, não entenda mal, isso não é de fato ruim, tamanho é o embate psicológico, da dualidade, vejamos o Zoroastrismo, o princípio do bem e mal, os Egípcios, Gregos e o panteão de deuses antropomórficos. a dualidade eminente do ser que move a serve filosófica.
" O que sucede é que tudo me cansa e aborrece, esta maldita rotina, esta repetição, este marcar passo, Distraia-se, homem, distrair-se sempre foi o melhor remédio, Dê-me licença que lhe diga que distrair-se é o remédio de quem não precisa dele."
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